Resgatados da água, garotos compartilham a experiência, demonstram carinho por Wilson com desenho e dizem: ‘Estou esfomeado’





As crianças colombianas que ficaram perdidas na Amazônia por 40 dias nunca perderam a consciência e se lembram de tudo, disse, no domingo, 11, um dos socorristas da equipe que os encontrou. Ele também revelou que “estou com fome” e “minha mamãe está morta” foram as primeiras palavras das crianças na selva. “O que admiramos nos quatro menores, independentemente da menina que não fala, é que eles não perderam a consciência. Eles se lembravam de tudo”, disse Henry Guerrero, membro da guarda indígena que, junto com os militares, resgatou os menores na sexta-feira. “A primeira coisa que nos perguntaram (disseram) foi que estavam com fome. Queriam comer arroz doce, queriam comer pão, era só comer, comer”, disse Guerrero em declarações à imprensa diante de um hospital militar em Bogotá, onde as crianças estão se recuperando. “Fomos ver o menino e ele estava deitado. Ele se levantou e disse, muito consciente: ‘Minha mamãe morreu'”, acrescentou Nicolás Ordóñez Gomes, um dos integrantes da equipe de busca. As crianças estavam “desnutridas” e “fracas”, por isso estavam há quatro dias no mesmo local, onde “tinham um pequeno cambuchito (barraca improvisada), com toldo, e tinham um paninho ali, no chão”. Tien Noriel, de 5 anos, “já estava muito fraco, não conseguia mais andar”, observou. Eles conseguiram ficar 40 dias na selva, porque Lesly foi “muito inteligente” ao montar uma maleta com a farinha que estava no avião. Também levaram uma toalha, uma lanterna que já estava desgastada, dois celulares, “com os quais acho que se distraíam à noite”, uma caixa de música, roupas e refrigerantes.



Embora debilitados, os irmãos estão fora de perigo de acordo com os primeiros relatórios médicos. Estão recebendo tratamento com alimentos leves, atendimento psicológico e cuidados tradicionais indígenas. “Estão muito acabadinhos, têm seus machucados, têm seus arranhões. Saíram com doenças da selva, mas estão bem, em boas mãos”, disse o avô das crianças, Fidencio Valencia, à imprensa neste domingo. Em fotografias divulgadas na mídia local, eles aparecem muito magros e a mais velha tem um ferimento na testa. Os indígenas realizaram rituais tradicionais e utilizaram seus conhecimentos da floresta para finalmente encontrarem as crianças. Segundo o governo, foram eles os primeiros a as avistarem em meio à vegetação. “Acreditamos muito na selva, que é nossa mãe. Por isso, sempre tive fé e dizia que a selva e a natureza nunca me traíram”, afirmou Ranoque. Embora a espetacular operação de resgate tenha terminado, soldados do exército continuam procurando por Wilson, um cão farejador que foi fundamental para encontrar pistas das crianças na selva, mas que está desaparecido. Lesly e Soleiny, as pessoas mais velhas resgatadas na operação Esperança, fizeram um desenho que retratava Wilson e a floresta e entregaram para os oficiais do exército.

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